OTÁVIO GOMES
(1885-1944)
Nasceu em São Braz a 16 de julho de 1885 e faleceu na Bahia aos 28 de dezembro de 1944.
Apesar de homem compenetrado do seu austero cargo de juiz, gostava de fazer versos; e os fez da juventude à velhice.
Depois de formar-se em Direito, em 1911, foi sucessivamente juiz de Direito de Triunfo, São José da Lage, Paraíba e promotor público de Pilar; mas sempre de lira na mão.
Pertencia à Academia Alagoana de Letras.
Publicou: “Relicários” – versos, 1903; “Páginas Antigas” – versos, 1907; “Colar de Rimas” – versos, 1909; “Florações” – versos, 1914; “Na Tribuna” e “Discursos e Conferências’.
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
ALMAS
A primeira que eu tive, a alma branca e radiosa
Que fulgia dentro de mim na aurora da existência,
Tinha a alvura de neve e o perfume da rosa,
Era a alma da inocência.
A segunda que eu tive, em plena primavera,
Era meiga e cruel, era cardo e era flor;
Tinha luz, tinha treva; era um mistério, era
A alma estranha do amor.
A terceira que eu tive era risonha e calma
Como a luz do luar; era uma pomba mansa
A arrulhar num doce arrulho; era a alma
Tranquila da esperança.
A quarta, a que eu hoje tenho, é tétrica e sombria,
Uma alma a morrer às garras do tufão...
E negra como a noite e, como o inverno, fria...
É a da desilusão!
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Página publicada em junho de 2021 |